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Eng. André Cerqueira – Especialista em Segurança

Em 11 de maio de 2011, a ONU decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito. Com isso, o mês de maio se tornou referência mundial para balanço das ações que o mundo inteiro realiza. Maio Amarelo é um movimento internacional de conscientização para redução de sinistros de trânsito, com o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância da segurança no trânsito e a preservação da vida. A mobilidade humana e o trânsito devem ser seguros para todos em qualquer situação.

MAIS MORTES QUE MUITAS GUERRAS JUNTAS

Todos os anos 1,3 milhões de pessoas no mundo perdem suas vidas no trânsito. No Brasil, o terceiro país que mais mata no trânsito, atrás apenas da China e Índia, mais de 35 mil pessoas morrem no trânsito e mais de 100 mil ficam lesionadas permanentemente. 

A guerra do trânsito ainda está muito longe de vencermos. Desde o início da primeira década de ação em segurança no trânsito em 2011, quase 20 milhões de pessoas morreram. Esse quantitativo é muito maior do que muitas guerras somadas, como: Guerra do Vietnã (3 milhões de pessoas); Guerra do Golfo (30 mil), guerra da Rússia com Ucrânia (45 mil pessoas) e no mais recente confronto na guerra em Israel (43 mil pessoas).

PAÍSES QUE FIZERAM MUITO BEM O DEVER DE CASA

Ao longo dos últimos 10 anos, segundo o Road Safety Annual Report, alguns países romperam para um novo patamar de segurança padrão classe mundial, e se tornaram os 7 países mais seguros do mundo para se dirigir, que são: Noruega, Suécia, Islândia, Japão, Reino Unido, Dinamarca e Suíça. Esses países apresentam taxa de mortalidade média de 3 óbitos a cada 100 mil habitantes, enquanto o Brasil mantém 20 óbitos a cada 100 mil habitantes.

A guerra do trânsito, além de acabar com sonhos, sequelar vidas e diversos problemas sociais; causa forte impacto na economia com perda da competitividade para o nosso país. Segundo o IPEA, em seu último estudo no ano 2020, os custos com sinistros de trânsito representavam R$ 50 Bilhões para o bolso de toda sociedade. Vale considerar ainda que a maior parte das mortes no trânsito, ocorrem com jovens, quando estão em sua idade mais produtiva.

MAS QUAIS AS CAUSAS DESSA EPIDEMIA DO TRÂNSITO? 

Quase 90% de todas as causas são relacionadas ao comportamento humano, quer seja pela banalização do trânsito, a agressividade de motoristas ao entrarem em veículos, os altos níveis de distração, descumprimento das regras de trânsito e a baixa percepção dos riscos ao dirigir um conjunto de ferro em alta velocidade.

Há 75 anos atrás, quando não havia quase trânsito, o visionário Walt Disney em 1950 lançou o desenho animado Motor Mania, conhecido como Pateta no Trânsito. Um Senhor gentil e educado no seu dia a dia, mas quando pegava um veículo se transformava em um motorista agressivo e egoísta. Uma demonstração do que um veículo e as condições ambientais podem fazer, desencadear e transformar mudanças de personalidades de determinadas pessoas.

A Dicotomia do Trânsito é algo que vem sendo estudado, a luz do comportamento humano, os motivos de determinados gatilhos mentais. Ao longo da evolução da humanidade, o ser humano conseguiu perceber o perigo de um animal, de pular de uma árvore, de colocar sua mão no fogo.

Mas, ele não percebeu que um veículo a 80km/h caso tenha uma colisão frontal com outro veículo, o impacto será semelhante a ele pular de um prédio de quinze andares.

A verdade é que a percepção de risco no trânsito associado ao conforto do veículo versus a velocidade, acabam “mascarando” o verdadeiro risco. 

QUEM SÃO OS RESPONSÁVEIS?

Vale destacar ainda que as soluções no trânsito são de responsabilidade não somente dos condutores, mas de toda a sociedade, das autoridades com políticas públicas consistentes e assertivas e de todos que fazem parte desse ecossistema de mobilidade.

No ano 2025, estamos no meio da segunda década mundial de ações de segurança viária. Aqui no Brasil, o governo criou em PNATRANS (Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito), em 11 de janeiro de 2018, através da Lei nº 13.614. Ele atua em seis pilares fundamentais que orientam as ações para a redução de acidentes e óbitos nas estradas.

Esses pilares são: Gestão da Segurança no Trânsito, Vias Seguras, Segurança Veicular, Educação para o Trânsito, Vigilância, Promoção da Saúde e Atendimento às Vítimas no Trânsito, e Normatização e Fiscalização. A meta é reduzir no mínimo pela metade o índice de mortes e lesões no trânsito.

DESACELERAR NO TRÂNSITO E ACELERAR NAS SOLUÇÕES

Enquanto precisamos desacelerar no trânsito, evitando a pressa ao volante, o excesso de velocidade e a falta de paciência. Por outro lado, nós precisamos pisar fundo, e acelerar nos programas e ações para salvarmos vidas no trânsito. Até aqui, conseguimos obter melhorias pontuais , mas ainda distante de resultados impactantes e percebidos por toda a sociedade. 

Morrer no Trânsito não é um acidente, ele pode ser evitado! Nenhuma vida merece ser perdida no trânsito. A missão de salvar vidas no trânsito é de todos nós.

Por isso, seguindo o tema do Maio Amarelo desse ano, que busquemos juntos e sempre a: “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”


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