Resumo: O artigo aborda como KPIs e OKRs podem transformar a segurança rodoviária de uma prática reativa para uma cultura preventiva e estratégica. Enquanto os KPIs permitem monitorar continuamente dados críticos, revelando riscos e gargalos operacionais, os OKRs convertem essas métricas em metas ambiciosas e mensuráveis, alinhadas ao propósito da empresa. Esse artigo alerta sobre erros comuns, como excesso de indicadores, foco apenas em dados reativos e falta de integração entre áreas, destacando a importância dos KPIs cruzados para promover corresponsabilidade e colaboração entre departamentos. Além disso, reforça a aplicação do método SMART na formulação de OKRs eficazes e mostra como a combinação entre prevenção, tecnologia e liderança engajada é essencial para reduzir sinistros, custos e preservar vidas.

A segurança rodoviária é um dos maiores desafios da gestão de transporte no Brasil. Com incidentes recorrentes — tombamento de caminhões, excesso de velocidade, fadiga, desatenção (especialmente uso de celular), consumo de álcool e drogas em serviço —, o setor busca ferramentas para transformar dados em ação, mudando comportamentos e processos.
KPIs e OKRs: Definição e Utilidade Prática
KPIs (Key Performance Indicators) são métricas-chave usadas para monitorar os aspectos críticos de desempenho de operações, manutenção e SSMA. Indicam, por exemplo, o número de acidentes, o tempo médio entre falhas ou a quantidade de inspeções realizadas.
OKRs (Objectives and Key Results) são um framework de metas formado por Objetivos qualitativos e Resultados-chave quantitativos. No contexto do transporte, um objetivo pode ser “Reduzir os acidentes fatais com a frota”, enquanto os KRs indicariam os percentuais e números que balizam esse progresso (ex: “Reduzir acidentes fatais por fadiga em 30% até o final do ano”).
Utilidade prática:
- KPIs permitem o rastreio contínuo dos dados, revelando onde estão os principais riscos e gargalos.
- OKRs transformam essas métricas em metas desafiadoras e alinhadas ao propósito da empresa, fomentando engajamento e colaboração entre equipes.
Quando Usar cada Ferramenta
- KPIs devem ser mantidos como rotina — sua análise diária permite ajustes táticos e operacionais. Exemplo: monitorar o número de vezes que motoristas são avaliados via bafômetro ou os alertas de fadiga dos sensores veiculares.
- OKRs entram como catalisador estratégico, sendo usados trimestralmente ou anualmente para amarrar diferentes áreas em torno de uma transformação relevante: redução de sinistros por desatenção ao celular, diminuição de tombamentos motivados por excesso de peso ou velocidade.
Principais Erros no Uso
- Definir muitos KPIs ou OKRs sem conexão com a realidade operacional.
- Avaliar apenas os indicadores reativos (depois do acidente) e esquecer dos preventivos (ações que evitam que acidentes aconteçam).
- Falta de KPIs cruzados: quando só uma área “carrega” a responsabilidade pelo resultado, perdendo o potencial de colaboração interdepartamental.
- Ignorar o acompanhamento dos OKRs, não promovendo revisão nem aprendizado contínuo.
- Utilizar KPIs de vaidade (que pouco contribuem para decisões) ou definir OKRs sem critérios SMART.
Exemplos de KPIs Reativos e Preventivos no Transporte
KPIs reativos:
- Taxa de tombamento por milhão de quilômetros rodados;
- Número de fatalidades por fatores de sono/fadiga;
- Ocorrências envolvendo álcool/drogas.
KPIs preventivos:
- Percentual de motoristas treinados em prevenção e direção defensiva;
- Testes de bafômetro antes das viagens;
- Campanhas de conscientização sobre o uso do celular;
- Número de inspeções de direção usando as câmeras com IA.
A efetividade está no equilíbrio! Dados exclusivamente de acidentes (reativos) são fundamentais, mas insuficientes. Indicadores preventivos, como treinamentos, inspeções e controles comportamentais, aumentam exponencialmente a maturidade dos programas de segurança.

Adoção de KPIs Cruzados: Quebrando Silos e Fortalecendo a Cultura de Segurança
A inovação do setor está na adoção dos KPIs cruzados, onde gestores de operação, manutenção e SSMA carregam indicadores comuns em seus scorecards. Por exemplo, o gestor de SSMA passa a ter metas de produtividade e o gestor de frota é responsável por KPIs de segurança.
Essa prática:
- Estimula a corresponsabilidade e a colaboração entre departamentos;
- Reduz conflitos de interesse (“cumprir meta de entrega a qualquer custo”, ignorando a segurança);
- Gera decisões mais alinhadas ao valor estratégico da empresa.
Elaboração de Metas: O Papel do Critério SMART nos OKRs
O método SMART (Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Time-bound) é indispensável na formulação dos Key Results dos OKRs de segurança. Eles devem ser:
- Específicos: abordar riscos concretos (sono, uso de celular);
- Mensuráveis: definidos por taxas, números absolutos ou percentuais;
- Atingíveis: possíveis de serem alcançados com esforço consistente;
- Relevantes: alinhados com os principais riscos do setor;
- Temporais: com prazo claramente definido para acompanhamento.
Exemplo:
Objetivo: “Promover uma operação segura e responsável”
KR1: “Reduzir tombamentos em 40% até dezembro”
KR2: “Alcançar 100% de motoristas treinados em direção defensiva até setembro”
KR3: “Zerar acidentes fatais por consumo de álcool/drogas em 12 meses”
Conclusão: De Dados à Transformação Cultural
KPIs e OKRs são pilares para uma nova era de segurança rodoviária. Não basta monitorar — é preciso agir. Ao cruzar indicadores entre áreas e tornar metas ambiciosas e mensuráveis (via SMART), o transporte evolui de uma postura reativa para uma cultura preventiva conectada aos resultados e à vida. O futuro passa por integração, tecnologia e, principalmente, liderança engajada.
📊 Quais indicadores você considera indispensáveis para reduzir riscos no transporte?
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Leia o texto original do Tibério no LinkedIn: Tibério Pereira
Artigo escrito por Tibério Pereira – Consultor em Road Safety, SSMA e Logística | Redução de Sinistralidade e Custos Operacionais | Experiência em Esso, Cosan, Raízen | Implantação de Inovação em Grandes Embarcadores e Transportadoras
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