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Resumo: O transporte rodoviário de cargas é o principal modal logístico brasileiro, respondendo por cerca de 60% a 65% do volume transportado. Contudo, o setor enfrenta uma crise de escassez de motoristas profissionais, com uma queda estimada de 1,1 milhão de habilitados na última década, exigindo atenção estratégica das empresas. O déficit de mão de obra qualificada e o envelhecimento dos profissionais são alertas , com as causas da crise incluindo a baixa atratividade da profissão (jornadas longas, estresse), exigências administrativas (CNH D ou E, exames toxicológicos) e o alto turnover devido à insuficiência de políticas de retenção.

1. Introdução

O transporte rodoviário de cargas é o principal modal logístico brasileiro, responsável por cerca de 60 a 65% do volume total transportado, garantindo capilaridade e flexibilidade para abastecimento em todas as regiões, inclusive áreas remotas[1][3][4][5]. Porém, dados recentes mostram que o Brasil enfrenta uma crise de escassez de motoristas profissionais, com queda estimada de 1,1 milhão de habilitados na última década. Este cenário exige atenção estratégica das empresas, especialmente quanto aos processos de recrutamento, retenção e segurança.

2. Panorama do Setor e Desafios de Mão de Obra

O país conta com uma malha rodoviária de aproximadamente 1,7 milhão de quilômetros e frota superior a 2 milhões de caminhões[3]. O setor registra investimentos substanciais — foram mais de R$6,5 bilhões em 2024[1] —, mas os resultados positivos em movimentação de cargas contrastam com o alerta sobre o déficit de mão de obra qualificada e o envelhecimento dos profissionais[4].

Entre as causas:

  • Baixa atratividade da profissão: jornadas extensas, exposição a riscos, estresse e distanciamento familiar.
  • Exigências administrativas: CNH categoria D ou E, treinamento específico, exames toxicológicos, históricos de segurança.
  • Alto turnover: insuficiência de políticas de retenção faz aumentar a rotatividade, elevando custos e riscos operacionais[1][4][5].

A dependência do modal rodoviário se intensificou após a retração ferroviária e maiores apostas na expansão da malha rodoviária no século XX, tornando indispensável a valorização dos profissionais do setor[2][4]. 

3. Critérios de Recrutamento e Seleção Mais Valorizados

Empresas do segmento vêm adotando processos de seleção cada vez mais rigorosos e tecnológicos, priorizando os seguintes critérios:

  • Habilitação e experiência comprovada: exigência de CNH categoria D ou E e histórico seguro de condução[4].
  • Formação e treinamentos específicos: capacitação em direção defensiva, transporte de produtos perigosos (MOPP), conformidade com normas de segurança e cursos de atualização[4][5].
  • Saúde física e mental: exames regulares, ausência de dependências químicas, boa aptidão psicológica para enfrentamento dos desafios da rotina[4].
  • Comportamento e competências socioemocionais: responsabilidade, proatividade, capacidade de resolução de problemas, relacionamento com clientes[4][5].
  • Histórico profissional e compliance: análise minuciosa para manter padrões elevados de segurança e reputação.

Esses critérios, associados à digitalização dos processos (rastreamento, controle operacional, inteligência logística), geram maior proteção e qualidade aos embarcadores e aos próprios profissionais. 

4. Estratégias de Retenção — Reduzindo o Turnover

Com o encarecimento do turnover, a retenção dos motoristas tornou-se pauta central para o setor logístico. Entre as políticas mais efetivas destacam-se:

  • Remuneração competitiva e benefícios diferenciados: salários acima da média, participação nos lucros, seguro saúde, plano odontológico, e bonificações por desempenho e segurança[1][4].
  • Condições de trabalho adequadas: frota moderna, manutenção em dia, respeito à legislação de jornada e descanso, pontos de apoio de qualidade na rota.
  • Investimento em treinamento contínuo: reciclagem em direção defensiva, cursos de atualizações normativas e incentivo ao desenvolvimento pessoal – soft skills e hard skills[4][5].
  • Reconhecimento, meritocracia e cultura inclusiva: programas de destaque, celebração de bons resultados e canais de comunicação abertos.
  • Bem-estar e ações de suporte ao colaborador: escuta ativa, apoio psicológico, integração com a família, promoção do equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

Tais estratégias têm impacto direto na redução de acidentes, absenteísmo, falhas operacionais e consequente aumento da produtividade logística[4][5]. 

5. Gestão de Talentos, Segurança e Produtividade — Uma Relação Estratégica

A conexão entre retenção, estabilidade e redução de acidentes é evidenciada por estudos do setor e análises internas de empresas líderes[4][5]:

  • Motoristas que permanecem mais tempo na empresa tendem a seguir com mais precisão os protocolos de segurança e conhecem melhor as rotas e os sistemas de controle. É a conexão com os valores e cultura da empresa.
  • Programas de treinamento e bem-estar reduzem o estresse, as distrações e potencializam a concentração dos profissionais, diminuindo riscos de sinistros.
  • O aumento da produtividade ocorre por menor número de acidentes/incidentes, maior engajamento, eficiência operacional e atendimento superior ao cliente.

Investir na retenção é, portanto, uma estratégia que gera resultados sólidos em termos de segurança viária e performance operacional, além de fortalecer a marca empregadora e a reputação no setor logístico. 

6. Considerações Finais

Empresários e executivos do transporte rodoviário de cargas precisam repensar suas políticas de RH e gestão operacional para salvaguardar a sustentabilidade do negócio. O foco em seleção minuciosa, retenção estratégica e promoção da qualidade de vida dos motoristas representa não só solução para escassez da mão de obra, mas também avanço fundamental em segurança e produtividade.

Quer debater soluções inovadoras na retenção e capacitação de talentos do transporte? Comente, compartilhe e marque executivos que teriam interesse em analisar este panorama. O futuro da logística brasileira passa pela valorização do capital humano!

Você acredita que as políticas de retenção e a valorização do capital humano são o caminho mais sustentável para garantir a segurança viária e a performance operacional no transporte de cargas?

Deixe sua opinião nos comentários — sua visão pode inspirar outras empresas a repensarem suas práticas de RH e gestão operacional para salvaguardar a sustentabilidade do negócio.

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Artigo escrito por Tibério Pereira – Consultor em Road Safety, SSMA e Logística | Redução de Sinistralidade e Custos Operacionais | Experiência em Esso, Cosan, Raízen | Implantação de Inovação em Grandes Embarcadores e Transportadora.

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Referências

[1] Setcemg. Qual a vantagem do transporte rodoviário no Brasil? Disponível em: setcemg.org.br/qual-a-vantagem-do-transporte-rodoviario-no-brasil/. Acesso em: 09 set. 2025.

[2] G1. Transporte rodoviário: por que o Brasil é tão dependente. Disponível em: g1.globo.com. Acesso em: 09 set. 2025.

[3] Prestex. Modais de transporte de carga no Brasil: conheça os 5 principais. Disponível em: prestex.com.br/blog/modais-de-transporte-de-carga-no-brasil-conheca-os-5-principais. Acesso em: 09 set. 2025.

[4] Randoncorp. Evolução do transporte de cargas no Brasil: saiba mais aqui! Disponível em: randoncorp.com/pt/blog/transporte-de-carga-no-brasil/. Acesso em: 09 set. 2025.

[5] Nacional Transportes. Transporte de cargas: tipos, vantagens e como funciona no Brasil. Disponível em: nacionaltransportes.com/blog/transporte-de-cargas/. Acesso em: 09 set. 2025.


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